segunda-feira, 22 de julho de 2013

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Justificativa para a ausência

Estou há um tempo ausente do blog, eu sei, mas não pensei que desisti dele ou que o esqueci.

O compromisso de não parar de escrever martela minha mente diariamente, mas nas últimas semanas tenho estado com o tempo curto e bastante cansada, o que me impede de "digitar" minhas ideias.

Primeiramente gostaria de dizer que além do compromisso de escrever frequentemente, prometi-me tomar conta da vida financeira. Gostaria de registrar que a vida financeira vai bem, obrigada. rs Não que eu tenha dinheiro sobrando, porque isso, definitivamente, eu não tenho, mas finalmente tornou-se rotina anotar cada gasto e cada ganho numa planilha criada justamente para isso.

Agora sei exatamente quanto e onde gasto, podendo, dessa forma, cortar o que é fútil e focar no que é útil.

Aliás, a Europa, em termos financeiros, está sendo uma grande professora, pois aos poucos estou aprendendo a viver com o dinheiro que tenho, de fato. No Brasil vivi, a partir do momento em que tive emprego e cartão de crédito, uma vida paga com um dinheiro que eu, na realidade, não tinha.

O outro tópico que queria comentar rapidamente é que alguns clientes marcam. Graças a eles, talvez eu crie alguns posts engraçadinhos, pois eles fazem minha imaginação voar longe. :)

sábado, 15 de junho de 2013

Sobre o meu emprego

Conforme dito, consegui emprego! Aêêêêêê!

Depois de cinco meses enviando currículos pela internet, tentando estabelecer contato e deixando em mãos de gerentes e  outros empregados, consegui um emprego.

Acho que consegui, primeiramente, por ter tirado a nacionalidade brasileira do currículo, depois por ter dado a sorte de enviar o meu resumé na hora certa para a pessoa certa, e esse contato, pasmem! veio da minha tentativa desesperada de conseguir emprego.

A tentativa desesperada foi redigir um post falando na nossa situação, que estava braba: não tínhamos dinheiro para o aluguel do mês seguinte e todas as nossas compras de mercado estavam sendo passadas no meu cartão de crédito do Brasil, sem falar que eu não tinha passagem de volta comprada para o Rio.

Pois bem, redigi um breve texto e postei no Classificados Dublin, claro que esperando ouvir mais críticas do que ajudas!

Felizmente, o oposto aconteceu: recebi muitas mensagens de pessoas dispostas a ajudar da forma com que podiam. Nenhuma delas com indicação, como a gente precisava naquele momento, mas todas com muito carinho, consideração e boa vontade. Recebemos muitos e-mails e sites de pessoas e lugares que estavam contratando.

Depois de agradecer a cada uma das pessoas que tentaram de nos ajudar, comecei a disparar meus currículos.

Felizmente, um deles caiu na mão de uma pessoa que estava precisando de algumas pessoas para completar seu quadro de funcionários com certa urgência, pois mandei meu currículo às 23:00 e no dia seguinte, por volta das 10:00, recebi uma ligação com uma proposta de entrevista. E lá fui eu, óbvio. Insegura por causa do inglês, mas segura de que se fosse pela minha vontade de conseguir o emprego, a vaga seria minha.

Durante a entrevista a gerente elogiou o meu inglês, o que me deu segurança para falar mais da minha vida, embora eu "tropeçasse" algumas vezes na pronúncia. Logo ali, na salinha da entrevista, ela olhou o quadro de horários e marcou comigo um treinamento.

Trabalhei durante três dias e me mandaram voltar na semana seguinte.

Na segunda-feira da semana que eu tive que voltar recebi a feliz notícia de que eu fazia parte do quadro de empregados e que eles estavam redigindo o meu contrato.

Vocês devem estar se perguntando qual é o meu emprego agora...

Pois então, é deli assistant.

Sou responsável, junto a uma irlandesa, por preparar os sanduíches, deixar tudo limpo, cortar os legumes, preparar as saladas, assar os pães, bolos, muffins e croissants, etc. A função se assemelha a um faz-tudo da cozinha!

É claro que não é o emprego dos sonhos, especialmente porque adorei as experiências que tive em minha área - para quem não sabe, magistério -, mas é uma experiência pela qual eu tinha que passar para aprender algumas coisas, inclusive inglês!

E quando digo isso é porque a única forma de me comunicar durante as horas em que trabalho é através da língua inglesa.

Nos primeiros dias tive dificuldade com alguns sanduíches específicos e alguns molhos diferentes, mas hoje já me sinto bem mais à vontade, inclusive, para dialogar com o cliente quando há oportunidade.

Sem falar na minha companheira de trabalho, a Suzanna, que é uma irlandesa para lá de amiga e tem uma paciência de Jó para repetir tudo que eu não entendo.

Já cansei de ouvir um cliente dizer alguma coisa estranha aos meus ouvidos e depois ir até a ela perguntar: mas o que foi que ele disse mesmo, hein?

E ela, com a maior paciência e alegria, repete e ri da minha fase de aprendizado.

Dentre as outras coisas que tenho aprendido, posso falar, mais uma vez, das mais simples; sim, sempre elas! Aliás, a Irlanda tem me feito muito bem nesse sentido, pois diariamente reconheço o valor delas.

Hoje, enquanto organizava/limpava/prepara as coisas na deli, vi um rapaz cego adentrando a loja. Como ele tinha ido ontem e vi que a menina do caixa ia até ele ver o que ele queria, avisei ao Martin, também irlandês, que havia um cliente na porta.

Ele cumprimentou o rapaz cego pelo nome, Kevin, e o atendeu pacientemente. Eu fiquei arrepiada e emocionada.

Ele tinha ido até a nossa loja para comprar um sanduíche feito no pão integral, com manteiga, peito de frango e alface. Tão simples quanto o momento que eu estava presenciando. Talvez o sanduíche que preparei para ele tenha sido um dos que preparei com o maior carinho dentre todos que preparei até hoje. Sim, porque eu me preocupo em fazer com cautela aquilo que o cliente solicitou.

Minutos antes de receber o sanduíche, Kevin entregou as moedas na mão do caixa, que descontou exatamente o valor do sanduíche e devolveu o troco, e depois agradeceu e saiu pela loja, com o seu cão guia, que era lindo e super companheiro, pois não desgrudava os olhos do seu dono.

Fiquei impressionada com tamanha fidelidade (do cão) e confiança (do homem nos homens e no cão).

Agradeci muito por poder enxergar e senti-me ainda mais feliz por ter ido trabalhar hoje. Se eu tivesse ficado em casa, jamais observaria essa cena como observei hoje.

Procurei uma imagem que ilustrasse a cena, mas não encontrei nenhuma que chegasse aos pés, então, deixo esse trabalho para a imaginação de vocês.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Skerries beach and Skerries Mills



Eu e Matheus acordamos no domingo com um sol maravilhoso entrando pela janela.

Como tenho trabalhado todos os dias, logo pensamos: folga, sol, calor... dia de passear pela Irlanda!

Inicialmente pensamos no Stephens Green, que é uma delícia de lugar, além de ser nosso cantinho especial, pois adoramos ir para lá para namorar. Depois, por já termos ido algumas consideráveis vezes, começamos a cogitar outros lugares, mas que não fossem caros, pois estamos em contenção de despesas, já que só agora arrumei emprego (depois crio um post específico para o meu atual emprego) e precisamos pagar nossas contas aqui.

Durante a pesquisa ficamos em dúvida entre praia e parque. Depois, com tantos posts de brasileiros em Dublin dizendo que estavam indo à praia, pensamos em fazer algo ainda mais diferente, levando em consideração apenas a nossa estada na Irlanda, claro. Então, abrimos as malas, pegamos nossos trajes de praia, nos arrumamos e sentamos para decidir para qual iríamos.

Depois de alguns minutos, optamos por Skerries que, segundo o Dublin para Brasileiros, era uma praia de areia branquinha e que costumava receber muitos elogios não só dos irlandeses como dos brasileiros.

Lá fomos nós...

Levamos, aproximadamente, uma hora de ônibus para chegar até a praia que, sem dúvida, é LINDA! Devo dizer que não se compara às praias do nosso belo Rio de Janeiro, mas ainda assim, Skerries tem, sim, sua beleza!



Primeira constatação: a areia NÃO é branquinha, mas marronzinha.
Depois começamos a observar o comportamento deles nesse tipo de ambiente que já imaginávamos que fosse completamente diferente do nosso.

A praia, para eles, parece ser um programa muito mais família; parece-me que eles juntam todo mundo, inclusive os animais, e vão para a praia para passar o dia inteiro, com direito, inclusive, a um churrasco. Aliás, observamos que o churrasco deles não é como o nosso, que tem hora para começar, mas não para terminar. O deles é como se fosse uma refeição, que começa e termina em, no máximo, duas horas. Ainda falta descobrir sobre o preparo, que certamente é diferente também.

O tempo estava ótimo. Apenas um ventinho frio incomodava de vez em quando, porque a alegria de estar na praia e o céu azul logo nos aqueciam novamente.

A água estava uma delícia! Morninha, morninha...

Depois da praia demos uma caminhada para conhecer os moinhos, que também são lindos! Parecia cena de filme... é uma paisagem muito simples, assim como a construção dos moinhos (lembrando que sou leiga, então falo do que vi, sem maior profundidade), mas tudo tão lindo e apaixonante que, é claro, deu vontade de tirar inúmeras fotos, mas me segurei e procurei apreciar mais do que fotografar. Anyway, seguem algumas das que tirei!



Por fim, para quem está na Irlanda ou pretende vir, este é um passeio que recomendo muito, especialmente em dias de sol como o que tivemos o prazer de desfrutar!





Reflexões sobre o ser humano

Uma das explicações para humano, segundo o dicionário, é "bondoso, benfazejo, compassivo", mas diariamente tenho me perguntado em que momento da vida é que aprendemos a agir de forma completamente contrária.

Lembro-me dos chefes que tive e das experiências que me contam e é impossível não notar o comportamento comum entre todos eles: o de superioridade.

Ok, eles são, de fato, superiores, mas isso não lhes dá o direito de não reconhecer as qualidades de quem é inferior - há de se ressaltar que apenas em cargo -, tampouco o direito de menosprezar as pessoas que julgam menores do que eles.

O que é que há? Eles pensam que já nasceram sabendo?

Onde é que enfiamos a nossa humildade depois que crescemos um pouco mais?

De onde é que tiramos a ideia de que aprendemos o suficiente e de que já é hora de fechar-se para o mundo?

Não sei, não, mas que o futuro é preocupante, é.

domingo, 9 de junho de 2013

A efemeridade da vida representada em flor

 Eu já havia compartilhado uma foto no Instagram com o mesmo título que esse post recebe, mas a primeira fotografia havia sido tirada de uma flor artificial.

Ok, vocês podem se perguntar onde é que a efemeridade entrava então?

E aí eu digo-lhes que essa é uma das respostas mais simples e puras que tenho para dar. Só posso dizer que na minha mente, oras!

É muito difícil, para mim, ver uma flor e não apreciá-la, pois cresci vendo a minha querida vó cuidar do seu jardim com o maior carinho do mundo, e sempre que nascia uma florzinha diferente ela logo saltava de alegria e contava para todos da casa.

Ô, coisa linda (e simples!) de se ver!

Não sei em que momento da vida aprendi a comparar as flores com a vida. Talvez tenha sido no momento em que decidi minha tatuagem. Talvez tenha sido antes. Sinceramente, não sei. Entretanto esse dia pouco importa, o importante é que aprendi a ver nelas a vida e a apreciá-las em todas as fases, desde que estão brotando até quando começam a murchar. E em todas as fases, sem exceção, vejo beleza nas flores!

Outro dia parei para fotografar as flores vermelhas do Stephens Green. Elas já estavam murchando, restavam poucas ali, mas ainda assim quis registrar.

Aqui está o resultado.

São as mesmas flores da primeira fotografia, no mesmo lugar, mas em dias (ou fases) diferentes. E assim penso que é a vida: embora não seja diariamente exuberante, com aquela beleza imponente, sempre guarda em si a beleza de existir.

Como não ser feliz por estar vivo e ter diariamente oportunidade de fazer tudo diferente?

Como não ser feliz por estar vivo e poder caminhar pelas ruas prestando atenção no canto dos passarinhos, no nado dos marrecos, na briga entre pombos e gaivotas?

Sabe aquela história de que aprendemos a valorizar somente quando estamos longe ou perdemos? Pois é! Depois de enfrentarmos um inverno rigoroso aqui na Irlanda, passamos a valorizar cada dia de sol. Sempre que acordamos e vemos que o céu está azul e com aquele brilho incrível pensamos em ir para a rua aproveitar cada minuto. E é claro, sempre elogiamos os dias ensolorados e agradecemos por ele.

Ontem eu estava conversando com a minha sogra sobre essa minha postura diante da vida; sempre procuro tentar tudo que tenho vontade. Se não der certo, pelo menos eu tentei. Se der, antes de me jogar, reflito um pouco. O que não gosto é de ficar pensando durante muito tempo antes de fazer alguma tentativa, pois esse pensar, às vezes, nos faz perder grandes oportunidades. Aliás, acho que esse meu jeito vem exatamente da forma com que vejo a vida! Penso que ela é curta demais para que pensemos tanto antes de tomar atitudes que poderão melhorar nossos dias.

Para finalizar, um desejo e um registro:

O desejo de que aproveitemos e arrisquemos mais, pois a vida é, sim, efêmera! Não deixemos para os últimos dias a consciência dessa condição.



segunda-feira, 3 de junho de 2013

Sobre a minha relação com as línguas


Nasci no Brasil, mas cresci ouvindo um portunhol dos brabos! Isso por que meu avô é espanhol e embora tenha morado no Brasil desde muito novo, jamais deixou de lado - e não sei se por orgulho ou dificuldade - o sotaque espanhol.

Lembro-me perfeitamente quando ele me segurava na cozinha - hoje em dia quase que com as mesmas características - e me forçava a contar de um a dez em espanhol.

Eu achava aquilo um saco e sempre contava errado para ver se ele desistia de me ensinar!

Fui crescendo e percebendo que todos os meus amigos estudavam e sabiam cantar as músicas em inglês, menos eu. Então resolvi tentar um curso para ver qual era. Aliás, um, não. Três. Tentei três vezes em três cursos diferentes. Não passei das primeiras semanas. Graças a Deus eram aulas gratuitas, porque se meus pais tivessem pago por isso, provavelmente me dariam uma bronca.

Depois dessas três tentativas, descobri, naturalmente, que inglês não era a minha praia. Aliás, longe disso! Eu não entendia necas de nenhuma música e não tinha a menor paciência para estudar aquela língua difícil.

No ano de vestibular, embora a minha vida inteira eu tivesse tentado lutar contra as línguas estrangeiras, tive que optar entre francês, inglês e espanhol.

Francês? Hein? A única coisa que sei dizer em francês é bon jour.

Inglês? Nunca estudei inglês na minha vida! Terei que ler, interpretar e saber responder corretamente. Sem chance!

Espanhol? Bem, entre português e espanhol até que há uma semelhança, apesar dos falsos cognatos que derrubam todo mundo e que os professores adoram trabalhar em sala, porque eles sempre conseguem pegar os alunos.

E assim fiz a minha escolha.

Não lembro exatamente qual foi a minha pontuação, mas lembro-me de que fui muito bem. Afinal, eu conseguia entender a maior parte do que lia. Escrever é que era - e é ainda - o problema.

Devo observar que desde pequena eu só conseguia dormir caso lesse algum livrinho. No banheiro, sempre lia os rótulos dos xampus, condicionadores e pastas de dente.

Na escola, minhas matérias preferidas eram sempre português e redação.

Quando pude ter fichário, coloquei português como a primeira matéria. E matemática, claro, lá no final. Nunca me dei bem com números.

Ao entrar na faculdade, apesar de ter escolhido Letras - Português/Literaturas, tive que enfrentar as disciplinas de Inglês Instrumental, que são disciplinas que têm como foco a leitura e interpretação em língua estrangeira. Passei por todas elas bem, felizmente.

Ainda no período da faculdade, comecei a observar a importância da língua estrangeira para a etapa seguinte da minha formação: o mestrado. Logo, decidi que precisava - e aí já não importava mais o gostar ou não gostar - fazer um curso de inglês, já que esta é considerada como língua universal.

Graças a Deus o Matheus estava em meu caminho e me deu força todas as vezes que eu pensei em desistir ou simplesmente faltar.

Formado em inglês, licenciando e amante do rock, Matheus lutava comigo diariamente para que fizesse os exercícios do curso e também os que ele preparava, lesse em voz alta, respondesse em inglês às perguntas que ele fazia também em inglês.... a repetição vocabular não é à toa, é só para vocês terem uma ideia de como eu me sentia com tanta "pressão".

Eu ficava irritada e às vezes tinha vontade de nem encontrar com ele para que ele não perguntasse nada do curso e nem me enchesse de exercícios, mas hoje só consigo agradecer por toda a paciência que ele teve comigo nos meus momentos de fraqueza.

Juntos decidimos vir para a Irlanda, como já contei por aqui. Ele, para aprimorar a língua; eu, para evoluir. Até hoje ele "pega no meu pé" com os estudos, mas felizmente conquistamos a oportunidade de estarmos imersos na língua estrangeira que outrora odiei.

Hoje em dia comparo o inglês ao português e já faço planos de seguir com o estudos de espanhol e depois de francês.

Não sei em que momento da vida me descobri apaixonada por línguas, mas o fato é que estudá-las e compará-las é um dos prazeres da minha vida.

Ainda em tempo; já que estamos na terra dos leprechauns e que aqui, antes do inglês com inconfundível sotaque irlandês, falava-se gaélico, por que não uma breve introdução a essa língua que os deixa orgulhosos mas que ao mesmo tempo está sendo deixada de lado?!

Eis um desafio meu e do Matheus.

domingo, 2 de junho de 2013

Dois assuntos, um post

Quando decidimos fazer o intercâmbio de seis meses com possibilidade de ficar um ano, começamos a pensar no que agregaríamos para não pensarmos no que "perderíamos" no Brasil ao ficar um tempo considerável fora.

Como eu e Matheus estávamos começando a ver dinheiro, mas não estávamos sabendo nos organizar tão bem, nos prometemos que ao chegarmos aqui seríamos mais responsáveis, uma vez que aqui nada é parcelado: ou você tem dinheiro para comprar algo ou você não tem. E você sempre tem! Basta se organizar.

O fato é que chegamos aqui com essa ideia na cabeça, mas faltou determinação para sentarmos toda noite e anotarmos os gastos diários. Faltou determinação para sabermos exatamente quanto estávamos gastando com necessidade (aluguel, luz, alimentação e ônibus) e quanto estávamos gastando com lazer.

Conclusão: o dinheiro acabou um pouco antes do que esperávamos.

Moral da história: ontem, navegando pelo Facebook, uma menina que também está em Dublin e me adicionou para pedir ajuda, pois está procurando emprego desde que chegou, mas até agora não conseguiu nada, publicou um texto sobre finanças. Eu, sempre muito curiosa, fui ler.

Bingo! É isso. Organização e determinação.

Graças a Deus, eu e Matheus estamos ainda no início e não tivemos chances para nos enrolar financeiramente de forma muito ruim, mas o fato é que se não pararmos e mudarmos de postura agora, isso, infelizmente, poderá acontecer conosco!

Portanto, esse post sela agora o nosso compromisso diário com a nossa vida financeira.

O outro assunto é algo que ficou pendente; é a minha primeira experiência de emprego aqui em Dublin.

Poderíamos considerá-la como parte da série "Despindo-me dos preconceitos", pois meu primeiro emprego aqui em Dublin foi como Au Pair.

Consegui a vaga através de uma brasileira que publicou no Classificados - Dublin que estava saindo da casa e que por isso a vaga estaria disponível. Mesmo sabendo que era live in, enviei o meu CV para ela, uma vez que era uma criança só - o que é incomum aqui na Irlanda - e que eu já estava procurando emprego há muito tempo.

A brasileira disse que mostrou meu currículo e meu perfil do Facebook para a mãe e que a mãe havia aprovado.

No dia seguinte fui para a entrevista.

A mãe pareceu super legal. Perguntou sobre a minha vida no Brasil, sobre a minha alimentação, disse que eu teria que levar a menina para escola, buscá-la, preparar o lanche e o jantar dela, dar banho uma vez por semana e disse que me pagaria 100 euros por semana mais o cartão do ônibus porque entendia que eu continuaria pagando aluguel na minha casa.

Era pouco, mas era algo. Então, aceitei.

Nos primeiros dias da primeira semana tudo foi muito bem. Até que numa manhã ela gritou comigo dizendo que a casa estava uma verdadeira bagunça e que ela não conseguia encontrar nenhuma roupa da menina.

É claro que me deu vontade de dizer: Oi? Nunca te faltei com respeito e você me contratou como babá. Não faz parte das minhas obrigações organizar a sua casa. Você sequer tocou nesse assunto quando conversamos.

Mas calei-me e durante aquela tarde organizei TODO o gaveteiro da menina, colocando, inclusive, etiquetas do lado de fora para que elas se localizassem nas gavetas.

Não ouvi nem um "obrigada".

Lembro-me bem de que no dia que recebi as instruções da menina que trabalhava lá antes de mim perguntei se eu teria que tirar lixo, arrumar a casa, etc. Ao que ela respondeu que não, que a única coisa que eu tinha que fazer era tomar conta da pequena. Ela disse ainda que NUNCA tirava o lixo e que só limpava a casa, que não organizava porque, segundo ela, eu perceberia em breve que elas não eram nem um pouco organizadas e que não faria a menor diferença eu organizar as coisas. Seria mera perda de tempo.

Ela não mentiu. A casa era completamente desorganizada! Coisas de banheiro na sala, comidas na geladeira vencidas há mais de um ano, e por aí vai... dá para imaginar, não é?

No dia seguinte, por conta própria, resolvi passar o aspirador na casa, porque eu estava incomodada. E nesse mesmo dia, à noite, ela chegou e disse que eu deveria limpar a casa porque estava um nojo, sem sequer ter olhado para o chão que não só havia sido aspirado, como havia sido limpo com um pano úmido e um dos produtos de limpeza que eu encontrei lá.

Ah! é até importante dizer para quem está vindo que os irlandeses não ligam muito para higiene nem para organização.

Eles tomam poucos banhos, quase não cuidam dos cabelos, não escovam os dentes com a mesma frequência do que nós, não limpam a casa como nós, não lavam a louça como nós...

Dessa vez eu falei: Olhe pro chão. Eu fiz isso hoje.

E ela ficou sem graça.

A semana acabou e ela não me pagou, conforme havia prometido. Foi me pagar só no meio da semana seguinte e mesmo assim, quis pagar só 80 euros, nada além. Ela nem me entregou em mãos. Deixou o dinheiro embaixo do calendário na cozinha. Claro que eu não peguei! Esperei ela dizer que aquele dinheiro era meu.

Fiquei o dia inteiro tentando acreditar que aquele não era o meu dinheiro e pensando no que falar quando ela viesse me entregar.

Quando ela me entregou, à noite, eu criei coragem e disse: Eu pensei que tivéssemos combinado 100 euros por semana mais o cartão de 5 dias.

E ela respondeu que não me daria o cartão porque eu tinha usado o meu, então não tinha necessidade de ela me dar um, mas que me daria na próxima semana e completou dizendo que se eu não estivesse satisfeita que eu poderia pegar as minhas coisas e ir embora.

Só que eu tinha usado o meu para buscar a filha dela na escola e não tinha cartão para o final de semana para ir para a minha casa. Como é que ela não tinha que me dar um cartão para cobrir o que tirei do meu bolso?

Argumentei novamente, de forma educada, dizendo que o meu cartão estava contado para as minhas necessidades e que eu precisava de um para voltar para a minha casa no final de semana.

Aí ela "resolveu" me pagar 20 euros a mais, que seriam pelo cartão que eu havia usado, mas disse que esse novo cartão que eu comprasse deveria servir para a próxima semana também. Disse que estava me dando o dinheiro do cartão antecipadamente.

Oi? Antecipadamente? Como assim? Eu usei o meu cartão com a sua filha! Você está me pagando pelo serviço que eu prestei. Isso não é nenhum favor. Era só isso que eu pensava...

Mas ok, engoli e passei por cima disso. Mas me prometi que jamais seria tola novamente de dizer a ela que tinha do meu dinheiro ou do meu cartão e que ela poderia me pagar depois.

Na semana seguinte decidi conversar com ela sobre o pagamento mais uma vez, pois eu havia chegado à conclusão de que era injusto o que ela estava fazendo comigo, especialmente porque nessa segunda semana ela havia começado a exigir, grosseiramente, que eu lavasse as roupas, colocasse-as para secar, guardasse-as quando estivessem secas, retirasse os lixos, lavasse todas as louças, limpasse e organizasse a casa, cozinhasse e cuidasse da menina. Ou seja: ela queria uma doméstica, não uma babá! E pagando apenas 80 euros por semana!

Aqui na Irlanda, se você trabalha quatro ou mais horas já tem respaldo das leis trabalhistas, mas precisa de um contrato que prove isso, naturalmente.

Eu acordava às 6:00 e ia dormir às 22:00. O único horário que eu tinha para mim era de 9:45 às 13:00, que era quando eu estava no curso, estudando. Fora isso, tudo em função dela. E ela queria me pagar 80 euros por semana?! Quando o mínimo aqui é 8,65 por hora. Façam as contas e vejam quanto a menos eu estava ganhando por tudo que ela queria que eu fizesse!

Quando sentei e fui conversar com ela, ela teve a cara de pau de dizer que NUNCA tinha dito que me pagaria 100 euros por semana porque ela já tinha gastos demais comigo dentro de casa, como luz e comida. Sendo que eu nem ficava na casa dela em minhas folgas, como a menina que trabalhava lá antes fazia.

Levando a menina para a escola cheguei a perguntar como quem não quer nada se ela se lembrava de quanto a mãe dela tinha dito que me pagaria alegando que eu havia esquecido. Ela, sem titubear, logo soltou: 100 euros por semana. Portanto, eu não tinha entendido errado nem estava ficando maluca. A mãe era mesmo mau caráter.

Engoli mais uma vez, mas decidi que iria procurar outro emprego, pois aquela situação estava me desagradando mais a cada dia.

Numa sexta-feira à noite ela resolveu me dar folga, do nada! Disse que mandaria a menina para Galway, que é uma cidadezinha aqui na Irlanda, e que depois elas viajariam para a Escócia.

Como eu já estava de saco cheio, perguntei uma vez só se ela realmente não precisaria de mim. Ela disse que não, então, eu piquei a mula no dia seguinte de manhã!

Cheguei a voltar na casa uma vez para pegar duas mudas de roupa, inclusive mandei mensagem perguntando se ela precisava que eu fizesse algo na casa, afinal, eu ainda trabalhava para ela. Tive a mensagem ignorada, mas como eu também não fazia questão de me desdobrar por ela, não insisti.

Entrei na casa, peguei minhas roupas e vim embora.

A cada três ou quatro dias eu procurava mandar mensagem perguntando se estava tudo ok ou se ela precisava de algo, mas todas as mensagens passaram a ser ignoradas.

Num dia resolvi buscar mais algumas roupas minhas, pois estava sem, e, pasmem! Casa trancada com uma chave que eu não tinha.

Fiquei duas semanas sem minhas roupas, sem meu material escolar e sem meu pagamento da segunda semana.

Mandei três mensagens dizendo que precisava das minhas coisas e ela respondeu só a última, dizendo que quando chegasse Em Dublin me contataria.

Assim o fez.

Combinamos o melhor dia para eu ir lá. Se não me engano, dois dias após a chegada dela em Dublin.

Fui à casa dela decidida a dizer que não ficaria mais no emprego e, para minha surpresa, quando comecei a falar, cuidadosamente e somente alegando que precisa me dedicar mais aos estudos, ela começou a gritar comigo dizendo que ela era quem não queria mais que eu trabalhasse lá, que eu estava demitida, começou a me xingar, me empurrar e a jogar minhas coisas, que ela tinha juntado sei lá quando (sim, ela mexeu em todas as minhas coisas!), na rua...

Juntei minhas coisas, liguei para a GARDA a fim de denunciá-la, mas infelizmente ficamos esperando uma eternidade sem que nenhum carro aparecesse. Ah! plural porque o Matheus estava comigo. Eu estava achando o comportamento da mulher muito estranho, e como ela era enfermeira, fiquei com medo de ela tentar fazer algo pior. Sim! Quem me conhece sabe: eu sempre dramatizo as situações.

Fomos a uma estação da GARDA para eu tentar registrar e só faltou o policial rir da minha cara. Primeiro porque eu não era daqui, segundo porque eu não tinha contrato, terceiro porque, segundo ele, ela SÓ tinha me empurrado.

Como vocês podem ver, péssima experiência.

O que fica disso tudo?

O aprendizado de nunca mais pegar emprego nenhum sem um contrato com todas as obrigações de cada uma das partes, assim como datas (de entrada, de pagamento...) e respectivas assinaturas.

Além disso, fica a infeliz certeza de que fazemos o mesmo no Brasil com os nossos conterrâneos. Enquanto esticamos um tapete vermelho e abrimos as pernas para quem vem de fora! :(

Um desejo?

O de que repensemos diariamente a nossa atitude com o próximo.

Por que sempre tentamos nos dar bem?

Por que valorizamos o que vem de fora em detrimento do que vem de dentro? E esta última indagação, no sentido mais amplo que se possa interpretar.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Vale a pena (vi)ver de novo!

Embalada por uma reportagem que me faz entrar em nostalgia, escrevo mais um post para este blog, que hoje em dia é a minha terapia.

A reportagem, cujo link colocarei logo abaixo para quem quiser conferir, fala de um professor que reuniu, durante dez anos, definições de palavras dadas por seus alunos, de diferentes idades. A conclusão à qual ele chegou foi que simplesmente crianças observam detalhes que os adultos sequer percebem, pois julgam-se "velhos" ou "grandes" demais para darem importância aos pormenores que, devo dizer, são capazes de dar novas cores a uma vida!

Como somos capazes de esquecer que temos paz quando perdoamos a nós mesmos? Como negar que é a nossa consciência limpa e leve que nos dá a sensação de serenidade?

Há definição melhor para uma mãe do que aquela pessoa que nos entende e depois vai dormir?

Fiquei arrepiada e com os olhos cheios de lágrimas enquanto lia a reportagem em voz alta para o amor da minha vida, afinal, como não compartilhar com quem amamos um fato tão singelo, tão cheio de sentimentos?!

O que me leva a escrever é o fato de eu ter resgatado um pouco dessa pureza ao chegar aqui na Irlanda. Vez ou outra pego-me observando a arquitetura de Dublin, o verde das folhas - que é completamente diferente do verde que temos no Brasil! E não adianta me perguntar, pois não saberei explicar. A única coisa que sei dizer é que parece que estou num filme em HD, mas num filme como os da Disney, cheio de cores vivas!

Desde que mudamos para Rathmines - aliás, maravilhosa região para se morar -, sinto o cheiro das flores toda vez que vou à rua. Agradeço sempre por estar morando no "melhor lugar do mundo".

No caminho para a escola temos a opção de passar por dentro do parque. Vocês são capazes de adivinhar por qual caminho eu opto?

É claro que eu sempre peço para o Matheus para irmos por dentro, pois adoro as cores fortes das flores que parecem de mentira, mas que são de verdade e que perfumam o parque inteiro só para te dar certeza.

Há algumas semanas tivemos o prazer de deitar na grama num dia de sol. Nossa! Que delícia! A grama estava úmida, mas o sol logo tratava de nos esquentar. Fiquei alguns minutos observando o céu, que estava incrivelmente azulado, e depois dediquei-me a observar as nuvens. Até fotografei algumas... e para deleite de vocês, aí está a foto, que não me deixa mentir!

Não sei em que momento da vida começamos a ficar acelerados, mas tenho certeza de que a vida seria muito melhor se esse momento não fosse obrigatório.

Hoje, conversando brevemente sobre a postura das pessoas aqui e no Brasil, lembrei da minha jornada diária antes de vir para cá.

Eu andava como louca de um lado para o outro, não conseguia administrar meu tempo, não conseguia cumprir com todas as minhas tarefas, não conseguia dar atenção aos meus amigos, não me permitia ficar à toa, sem fazer nada, só vendo o tempo passar, observando o comportamento do meu cachorro - que faz uma falta tremenda nessa Irlanda!

Lembro-me da minha preocupação, cada vez maior, de estar sempre "nos trinques" para o chefe não chamar atenção.

Trabalhava para ganhar dinheiro, mas gastava grande parte em roupa para chegar bem no trabalho, andava pela rua na paranoia de encontrar um sapato bonito que combinasse com a roupa e com o ambiente, ainda que me matasse de desconforto... perdia mais de uma hora da minha folga fazendo a unha, porque não queria fazer feio, mas ao chegar aqui e ver tantas mulheres sendo o que são e na hora que querem senti-me mais leve, mais livre.

Nos dias de sol parece que todos os irlandeses vão às ruas não só para pegar uma cor, porque eles são extremamente brancos, mas também para apreciar a vida.

No dia em que fiquei apreciando as flores e o céu, também tive o prazer de apreciar pessoas de várias idades fazendo a mesma coisa que eu.

Vi casais jovens, enamorados, deitados na grama, esperando o tempo passar... casais mais velhos, apaixonados, sentados nos bancos do parque como faziam, imagino eu, quando eram jovens... crianças brincando de bola, de corda... adolescentes com seus malabares... de tudo um pouco!

Sei que a sensação que tive naquele dia era de que a vida simples é mais aprazível.

É tão bom poder usar o que se quer, quando se quer... tão bom poder "perder" tempo pensando na vida! Entre aspas porque refletir sobre a vida, para mim, não é perda de tempo, mas uma maneira de vivê-la de forma ainda melhor, uma vez que a reflexão sempre nos faz enveredar por caminhos, teoricamente, melhores. Teoricamente porque nem sempre fazemos tudo certo. Aliás, o certo é relativo. O fato é que podemos até julgar como errado, mas possivelmente anos depois mudaremos de postura e encontraremos uma belíssima justificativa para aquele erro, que desta vez será visto como acerto.

Bem, sem mais delonga, segue o link da reportagem e o meu desejo de que lembremos sempre de valorizar não o que está ao nosso redor, embora isso também seja importante, mas mais do que isso: que lembremos sempre de ouvir o nosso interior, que lembremos das coisas simples, que deixemos de complicar, de trapacear, de dificultar... desejo que sejamos mais amáveis, honestos, humildes! Sobretudo, que resgatemos, no fundo de cada um de nós, a pureza que ainda existe.

http://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/dicionario-feito-por-criancas-revela-a-adultos-um-mundo-que-ja-esqueceram/

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Despindo-me dos preconceitos- parte 1

Hoje foi um dia em que me despi de mais um preconceito brasileiro.

Eu e Matheus fomos à reunião do jornal Herold para ver se conseguíamos uma vaguinha (temporária). Fomos com pensamento positivo e cheios de energia, pois todos que trabalham ou conhecem jornal dizem, com todas as letras, que é ralação pura, pois ganha-se apenas 50 cents por cada jornal vendido. Sendo que trabalha-se de segunda a sexta, em média de 4 horas, faça chuva ou faça sol.

Imagem extraída de: http://www.bridgesbali.com/glimpse-of-a-last-paradise3.html

Vergonha?

Devo confessar que no início até senti, afinal, no Brasil eu era professora, já havia trabalhado numa empresa estatal como revisora, e lá, sempre que vemos alguém vendendo jornal, pensamos: coitado! trabalha feito um condenado para sequer ter uma vida digna!

Depois das primeiras filas de carro, a vergonha foi sumindo. Senti-me feliz por ter alguma forma de ganhar dinheiro, ainda que pouquíssimo, e mais feliz ainda por poder agradecer, mesmo àqueles que me diziam que não comprariam o jornal, sorrindo. Senti-me feliz por fazer as pessoas sorrirem enquanto enfrentavam um trânsito danado para voltar para suas casas.

Fiquei pensando que no Brasil jamais seria assim. São raras as pessoas que retribuem o sorriso do sujeito que passa apressado ao seu lado ou mesmo do sujeito que tenta lhe vender um jornal, uma bala ou coisa do tipo.

No entanto, apesar das diferenças que sempre venho apontando não só por aqui, mas por mensagens quando as pessoas vêm falar comigo, consegui identificar algumas semelhanças. E aí, já não é mais mérito da educação, mas penso que entramos na questão do sujeito.

As pessoas mais ricas (financeiramente falando) são, em geral, também as mais pobres de espírito. Algumas me olhavam da cabeça aos pés, outras sequer sorriam de volta, e NENHUMA delas, embora tivessem muito dinheiro - a julgar pelos carrões, bons celulares e boas roupas - comprou um jornal.

O que tiro dessa segunda (depois conto a primeira - e terrível! )experiência de emprego aqui na Irlanda?

Muita coisa! mas muita coisa boa! Como o título sugere, hoje despi-me daquela vergonha (própria e alheia) de trabalhar num subemprego, no qual as pessoas te olham como inferior.

Fiquei feliz de poder dar às pessoas que passaram por mim - e posso dizer que foi uma maioria - um sorriso, uma leveza, enquanto enfrentavam um trânsito no caminho de volta às suas casas.

Não penso em fazer disso um emprego, naturalmente, mas apenas um degrau. Afinal, o dinheiro arrecadado no jornal não é suficiente para nos manter aqui. No entanto, já é uma experiência irlandesa que podemos colocar no currículo. Além disso, ajuda-nos a trabalhar muitas questões sociais dentro da nossa cabeça, que se abre cada vez mais.

O post é curto, mas recheado de gratidão. Estou feliz pela experiência, apesar de toda ralação e de toda a dor que estou sentindo agora, afinal, os jornais são pesados, e temos que carregá-los sozinhos até o nosso ponto de vendas.

Até o próximo post!

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Rá!

Esse aqui é especialmente para quem achou que eu ficaria só no primeiro post, inclusive eu. Rá! Venci! E aqui estou... pensando em algo interessante para escrever. Aliás, nem sei se o que escrevi primeiro foi interessante, mas vamos lá!

Estava cá com meus botões pensando na minha vida irlandesa. Vida boa, leve, mas cheia de preocupações. Aliás, desde que me entendo por gente grande - e quem me conhece sabe que não falo de estatura -, preocupação é um sentimento que faz parte de mim. Vivo em pé de guerra com o amor da minha vida por causa disso.

Ele sempre relaxadão, acreditando em todo mundo, fazendo contas por baixo... e eu louca, querendo que nada dê errado nunca, desconfiando até da própria sombra, fazendo as contas com os valores mais altos possíveis a fim de que nada nos falte na hora "H".

Às vezes me pergunto qual é a melhor maneira de se viver, se preocupado, minimizando sempre as chances de as coisas caminharem para um lado diferente do que a gente espera, ou relaxado, se adequando sempre às novas situações. Acontece que sempre chego à conclusão de que não há o certo para isso, mas o ideal, e este seria conseguir equilibrar essas duas formas de levar a vida. Mas como é difícil, viu?!

Quando eu e Matheus decidimos viajar, inicialmente, viajaríamos por apenas um mês. Nossos planos mudaram quando vimos que o custo da viagem seria o mesmo, tanto para um mês, quanto para um ano, sendo que neste último caso viríamos com a possibilidade não só de voltar com o inglês muito melhor, como também com a possibilidade de conseguir um emprego, cobrir os custos que tivemos e ainda viajar pela Europa antes de voltar.

Com esse pensamento encaramos o intercâmbio de seis meses, já imaginando a possibilidade de ficarmos por aqui durante um ano ou mais, dependendo de como tudo ocorresse. Ocorre que aqui chegamos e ficamos deslumbrados com a qualidade de vida. Não é síndrome de emergente, que depois que "cresce" resolve pisar naquilo que foi, tampouco síndrome do brasileiro riquinho que sai do país para passear, justamente porque não somos nem de um tipo nem de outro. Ralamos muito para conseguir juntar a grana que usamos para estar aqui e estamos ralando até hoje para conseguir um emprego que nos dê a possibilidade de realizar nosso sonho do jeitinho que ele foi sonhado quando estávamos no Brasil.

Não adianta só dizer que ficamos deslumbrados, né? Acho que talvez seja mais válido explicar a razão. Vou tentar escrever sobre alguns aspectos que observei durante esse tempo.

1 - Educação: Aqui as pessoas são MUITO educadas. Você não recebe um atendimento sem ouvir um "obrigado" ou nenhuma solicitação sem um "por favor". Existem pessoas mal educadas? É óbvio que sim, mas essas, sem a menor sombra de dúvida, fazem parte de uma minoria, enquanto no Brasil, temos o oposto.

2 - Aqui os comerciantes cobram exatamente o preço que está marcado na etiqueta! Se tiverem que te dar 0,01 de troco, esteja certo: darão. E você não precisa pedir nem esperar! Preciso falar sobre o Brasil?

3 - Com o salário mínimo daqui o sujeito consegue ter uma casa, comer, vestir-se e, se for esperto, ainda consegue juntar grana para viajar. Dentro do contexto brasileiro, pergunto-lhe: sobrevive-se com quanto? Com o mínimo sabemos que não é.

4 - Os horários de rush são os mesmos que conhecemos no Brasil, com a diferença de que se está engarrafado, está engarrafado. Todos aceitam o fato e simplesmente respeitam a fila, os sinais, os pedestres... sem falar no respeito que eles têm pelos ciclistas, que andam junto dos carros e NENHUM acidente acontece. Eles param que os ciclistas atravessem, peguem a outra pista, etc. Raramente escuta-se o som de uma buzina. Estou aqui há quase cinco meses e posso dizer que se ouvi alguém buzinar cinco vezes foi muito.

5 - As mulheres vestem-se do jeito que querem, na hora que querem, enchem o rosto de maquiagem a qualquer hora do dia sem que ninguém critique-as por isso. Quer respeito maior do que esse? É claro que não me despi completamente do comportamento tolo de julgar o próximo e julguei várias delas enquanto passavam por mim pela rua sem nem me reparar, mas o fato é que elas podem ser o que gostam de ser sem que ninguém fique ditando o que devem vestir, quando devem vestir, por que diabos aquela cor é melhor do que a outra e mais um monte de imposições babacas a que estamos acostumadas e acabamos seguindo sem nem nos questionar sobre a razão de existirem.

6 - As leis são respeitadas. Aqui não se pode vender bebida alcoólica depois das 22:00, a não ser em pubs, bares e restaurantes. Quando eu digo que é proibido, é proibido mesmo! Ninguém viola! Nem a loja de conveniência mais escondida.

E a pior impressão que tive foi a da desunião do brasileiro! Nossa! É engraçado, mas ao mesmo tempo triste, aliás, mais triste do que engraçado. Quando em "casa", achamos que todas as pessoas são competitivas, somos criados para vencer o outro, estudamos para sermos melhores que os demais e conquistarmos a nossa vaga, escolhemos nossa profissão para sermos melhores do que aquele que dirige o ônibus ou limpa o chão... enfim. Somos, mais uma vez, acostumados a isso. Ao chegar aqui continuei vendo o mesmo comportamento do povo brasileiro, diferentemente das outras nacionalidades.

Afirmo com propriedade que são raríssimos os brasileiros que estão aqui dispostos a ajudar quem chega. Só não sei por que diabos as pessoas se recusam tanto a ajudar o próximo. Aliás, pior que isso, ainda te pisam se for possível.

Eu não sei de onde é que sai aquela união que leva todo mundo a se abraçar quando aqueles jogadores entram em campo e vão jogar por um Brasil completamente segregado. Sim, porque somos, sim, egoístas, egocêntricos! Só somos uma pátria quando falamos em futebol. Não vou entrar no mérito do "pão e circo" nem nada disso porque nem tenho propriedade para falar, mas que me parece muito estranho esse sentimento de nacionalismo repentino, ah! parece! e não há como esconder.

Constato: temos QUASE tudo para dar certo, só nos falta inteligência e humildade.



domingo, 12 de maio de 2013

A razão de existir

Pensei na criação deste blog enquanto tomava um delicioso banho - parece que esses momentos inusitados são sempre os melhores para criação! - quente, não de banheira como eu gostaria, mas ainda assim, quente, logo, gostoso.

Enquanto a água caía eu me lembrava de tudo que eu já havia começado na minha vida e interrompido por alguma razão. Ok, nem sempre com razão. Aliás, muitas das vezes sem razão. E então resolvi criar este blog para nadar contra a maré da minha sinuosa vida de atividades.

Se quiserem, aliás, seria melhor dizer permitirem, posso fazer uma coleção de atividades interrompidas aqui, para começar, enumero 10.

1- Ballet
2 - Dança do ventre
3 - Academia
4 - Curso de inglês (tentei várias vezes!)
5 - Ginástica Olímpica
6 - Blogs (foram alguns!)
7 - Juntar dinheiro
8 - Pesquisa acadêmia
9 - Leitura de livros (sim, no plural!)
10 - Catecismo

E isso foi só para começar.

A fim de não delimitar um espaço que criei para fazer minha própria terapia, registrarei aqui momentos diversos das minhas vidas; a real e a imaginária.

Quem nunca se imaginou num personagem fazendo tudo aquilo que julga ou que tem vontade de fazer?

Pois bem! Resolvi me dar asas. Veremos o quão alto sou capaz de voar. Espero que gostem e que eu consiga acrescentar algo de bom a alguém, afinal, tenho alma de professora.